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8 years ago

haeinxo

O sol já começava dar os primeiros vestígios de que apareceria enquanto Haein secava os fios úmidos com a toalha observando os raios atravessaram a janela do apartamento. Há dias não conseguia tão bem quanto gostaria, pois seu subconsciente fazia questão de mantê-la acordada parar pensar em mais mil coisas e refletir sobre mais trezentas. Sendo assim, dificilmente conseguia desligar a sua mente, e quando sim, acabava acordando antes mesmo do despertador tocar. Hoje completava uma uma semana desde que havia chegado, uma semana que não via Inho depois do que acontecera. Até pensou em procurá-lo, e por mais que quisesse vê-lo, chegou a conclusão de que não o faria. Daria um tempo para que o rapaz continuasse suas atividades até que as coisas voltassem de forma natural. De certa forma, Oh conseguia entender a atitude de Inho frente a situação. Sua chegada fora inesperada e aparentemente, nem em um milhão de anos ele imaginaria a possibilidade disso acontecer, acabando por pega-lo de surpresa. Mas também, sentia-se magoada pelo forma com que ele agiu quando soube que agora fazia parte da universidade. E o que mais Haein andava fazendo nos últimos dias, era justamente não pensar em tudo isso. Afinal, todo dia era uma nova oportunidade de melhorar as coisas e com certeza elas melhorariam. Deu início as aulas e aos poucos ia se acostumando com as salas de e os locais dentro do campus, vez ou outra se perdendo entre os corredores e tendo que recorrer aos instrutores -assim como Baek pregara. Um dos lugares do qual memorizara era a cafeteria, apendendo perfeitamente o caminho para buscar o café maravilhoso que serviam. Entretanto, algo chama sua atenção assim finaliza o pedido no caixa, a ponto de que cruzar a saída do local: os cabelos negros que Haein reconhece de longe, por trás, dos lados, e qualquer ângulo. A feição da garota se transforma antes mesmo dela chegar a mesa, pronta para conversar com ele mais uma vez. ‘’Ei.’’ Cumprimenta meio sem jeito, indecisa se já deve colocar o livro na mesa e sentar-se ou não. 

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Aquela cor pálida do teto do quarto já estava começando a enjoá-lo. Levantou-se. Foi até o banheiro e lavou o rosto. Tomou um copo de água. Sentou-se na cadeira posta em frente à mesinha. Pegou um livro de química. Abriu na página de exercícios. Começou a resolvê-los. Ao final de equação, percebeu que errara um sinal logo no início. Enterrou a cabeça em meio às páginas. 

Na verdade, Inho não estava surpreso. Fazia uns bons dias que não conseguia se concentrar em nada e não notar algo tão pequeno era só mais uma prova disso. Estava entediado, impaciente, ansioso, preocupado com milhares de assuntos e nada ao mesmo tempo – afinal, tudo sempre podia esperar mais um pouco. Não, Inho não concordava com essa linha de raciocínio. E talvez fosse exatamente por isso, por causa desse excesso de coias a fazer/resolver e o excesso de pensamentos, que o moreno não se sentia bem. No fundo, no fundo, ele sabia bem quem tinha bagunçado todas essas questões, milimetricamente calculadas e posicionadas. Ela tinha o dom de fazer isso sempre que se aproximava; ela tinha o dom de desconstruí-lo sem nem que ele se desse conta. Suspirou fundo. Já havia se perguntado uma dezena de vezes se ele era ele mesmo assim, esse cara amargo e meio cético, como era sem ela; ou se era justamente o contrário, se com ela, ele era justamente tudo aquilo que queria ser, ou melhor, que era por dentro. Se bem que, até com ela, ele ainda não era se achara completamente. De qualquer forma, tinha uma única certeza: precisava sair dali. Foi então que resolveu sair, respirar ar fresco, ver pessoas. Bobagem pura. Na primeira oportunidade já estava metido em um café, a sensação de quatro paredes envolvendo-o lhe causando um certo conforto. Pediu um capuccino comum e sentou-se numa mesa vazia, a loja quase sem movimento, salvo alguns grupos de alunos que provavelmente estavam estudando as matérias acumuladas. Estava olhando janela afora, concentrado em alguma coisa aleatória, quando ouviu aquela voz. Virou-se para encontrar a figura que sabia que encontraria e que faria algo estranho começar a crescer dentro de si. “Olá.” Respondeu cordialmente. Foi ao vê-la meio sem graça que uma coisa chamada consciência começou a pesar. Pronto, estava resolvido o mistério da fonte da sua angústia. Era isso, se sentia mal porque fora um babaca com Haein, pra variar um pouco. Uma constatação bem rápida pra quem ficou se martirizando a semana toda, tentando não pensar sobre o assunto. “O lugar está vazio.” Indicou com o queixo a cadeira à sua frente. Ainda queria seguir com o plano de afastá-la, só que para isso, não precisaria utilizar hostilidade. Ela não merecia.

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Haein não sabia o quê esperar de Inho naquele momento, seja por uma reação ou qualquer coisa que saísse da boca do moreno, mas ela tentou agir normalmente -mesmo que tivesse cometido uma pequena falha no início. Uma situação um tanto quanto irônica acontecia: ao mesmo tempo que Oh fizesse de tudo para colocar seu otimismo em primeiro lugar e esquecer o que havia ocorrido, ela também não conseguia ignorar o fato do quão estranho era os dois estarem ali da mesma maneira que dois amigos fariam. ‘’Ah, gomawo!’’ Abriu um breve sorriso antes de se juntar à mesa, dedicando total atenção afim de organizar os livros no ritmo mais acelerado possível. E foi ai que percebeu que poderia ter enrolado um pouquinho mais, o suficiente para evitar que o famoso ‘silêncio constrangedor’ caísse sobre eles. Era o tipo de silêncio gritante, milésimos que pareciam durar horas, tornando tudo ainda mais constrangedor. ‘’Mas então, você é o dono das notas mais altas da sua sala?’’ Brincou na tentativa quebrar o clima frígido, era a primeira vez que fazia o contato visual direto com Baek e isso lhe causava um frio na barriga. A garota se lembrava muito bem que na época do colegial, Inho passava bem longe de possuir o título de melhor aluno, mas que acabou por surpreender à todos com o resultado dos vestibulares. E agora com certeza ele tinha mais do que a capacidade de ser o melhor aluno do seu curso, apesar dessa visão não ser formada com tanta facilidade na cabeça de Haein. Movimentou os ombros afim de ajeitar-se melhor no banco almofadado, uma tática que também funcionava quando seu corpo estava meio reprimido. O cheiro de café exalando no ar só aumentava a vontade de inaugurar um copo bem quente e saboroso do estabelecimento. Porém não queria se retirar da mesa logo de primeira, então decidiu esperar mais um pouco até que a conversa entre os dois seguisse naturalmente.

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Um sorriso singelo, quase imperceptível, surgiu nos lábios do rapaz quando ouviu o agradecimento alheio. A situação era um pouco desconfortável pra ele – e era notável que pra ela também – e infelizmente não conseguia disfarçar isso. Seus olhos divagavam para qualquer lugar que não fosse na direção de Haein e os dedos, inquietos, tamborilavam sobre a mesa ou brincavam uns com os outros. "Ah, não...” Meneou a cabeça negativamente, esfregando as mãos suadas em sua calça jeans. “Nunca fui o aluno mais dedicado, você sabe disso. E de qualquer forma, sempre vai ter um nerd à nossa frente.” Deu de ombros, tentando não prolongar muito. Por alguns segundos, a observou, aproveitando que ela não prestava atenção em si. Haein havia mudado, agora podia ver mais claramente. Só que também percebeu mais uma coisa: ao lado de uma mudança, alguma coisa ficara intacta. Ela havia cortado o cabelo, mas a cor continuava a mesma. Seus traços estavam mais amadurecidos, mas ainda trazia as mesmas expressões serenas e otimistas. As roupas também eram outras, mas o estilo permanecia igual. Encontrar assas particularidades mesmo depois de dois anos, o fez sorrir, pois de alguma forma, aquela ainda era a mesma Haein que conhecera. “Mas... Que curso você está fazendo?” Perguntou para quebrar aquele silêncio estranho que pairava sobre eles, ainda evitando contato visual.

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8 years ago

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Tudo o quê pode responder fora um sorriso gentil, dessa vez mais cativante do que o primeiro, antes de tombar a cabeça para o lado e observar o lugar em apenas uma mirada, como uma maneira de conseguir organizar melhor seus pensamentos em meio a um turbilhão deles. Ainda que ela aparentemente concordasse, algo dizia que Inho estava mentindo em um detalhe tão bobo. Não precisava  estuda-lo e muito menos pedir que ele repetisse, pois só o fato de ouvi-lo era o suficiente. O mesmo Inho de sempre, a mesma atitude, o mesmo jogo de cintura e sempre com as respostas prontas, na ponta da língua sejam elas para sua auto defesa ou não. Talvez agora com uma postura mais responsável, mas ainda com os mesmos princípios de ‘quem não quer nada com nada’. ‘’Engenharia Elétrica. Não era isso o quê a maioria esperava, mas você sabe, é o que eu mais me identifiquei.’’  Comentou como se Baek realmente soubesse dessa história, como se ele estivesse lá para ver com os próprios olhos e agora ela só estivesse repassando os acontecimentos da mesma forma que, mais uma vez, dois amigos fariam depois de muito tempo sem se ver. Mas a verdade é que ele não estava lá e não quis saber das suas escolhas e os motivos delas. E por mais que essa fosse a verdade, Haein não conseguia ver nem de longe dessa maneira. Conforme falava, a mão posta sobre a mesa se aproximava do moreno em um gesto automático, quase imperceptível. ‘’Você parece ter se adaptado rápido aqui… É realmente um bom lugar para estuda e viver.’’ Por mais que estivesse tentando evitar, não conseguia cursar seu olhar para outro lugar ao comentar, mesmo percebendo que esse não era correspondido. Ela queria uma resposta sincera, algo que a provasse, mesmo que de forma implícita, que ele estava feliz por ela estar ali, e dizer que sentia muito pelo o que havia ocorrido. Mas é claro, ela não soava dessa forma. Pois como sempre, as necessidades e os limites de Inho vinham em primeiro lugar.

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Se já não conseguia olhá-la antes, agora sim é que essa tarefa se tornaria bem mais difícil. Era mais do que óbvio que se sentia mal e culpado por uma série de coisas, tantas que nem sabia por onde começar a listar. Mas o problema é que isso só se manifestava internamente, fazendo com que tais sentimentos apenas o corrompessem mais e mais. Por fora, ainda era Baek Inho, o cara que não se preocupava com nada além de si mesmo. Queria poder concordar com a sentença de Haein e completar com os cursos que os pais e os familiares dela queriam, ou os que ela cogitou e por fim acabou descartando. Porém, não sabia nada sobre isso, da mesma forma que Oh não sabia os motivos pelos quais ele tinha acabado ali – ou pelo menos, a maioria deles. A escolha dela, na verdade, não era tão imprevisível assim; sempre soube que ela gostava de ser “do contra” e que tentaria fugir da área de humanas. Mas de qualquer, essa continuava sendo uma informação bem nova para lidar. “Parece ser um curso interessante.” Foi o que respondeu, passando as mãos pelos cabelos bagunçados. Deveria estar parecendo um verdadeiro preguiçoso, com os cotovelos sobre a mesa, usando um moletom e os cabelos desalinhados.

De relance, pôde perceber a mão alheia se aproximando, mas não fez nenhuma menção de afastar-se. Ainda queria sentir o toque de Haein, mas sabia que não era certo e que mais tarde, se arrependeria por isso. Mas logo seu humor mudou, soltando uma risada irônica ao ouvir as palavras dela. Aquele não era o melhor lugar do planeta, mas sim, era confortável e sim, Inho tinha se adaptado rápido. O que tinha incomodado era a forma como ela tinha soltado aquelas palavras. Como se tivesse recebido uma revista em sua caixa de correio falando sobre as “vantagens de estudar na Seoul University”, ou como se ela fosse seu objetivo desde sempre. E mais uma vez, sentiu-se irritado pelo fato de ela tentar esconder o que estava bem explícito. “Eu te diria pra não tirar conclusões precipitadas. Esse não é o melhor lugar pra ficar, aqui não estão os melhores estudantes ou as melhores pessoas.” Seu tom saiu quase como que um sussurro, travando seu maxilar ao que terminou. “Ainda não entra na minha cabeça as razões quais você veio pra cá.” Dessa vez, fitou-a diretamente, sua expressão séria o olhar tentando prendê-la para que ela não desviasse do assunto, como provavelmente tentaria fazer.

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8 years ago

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Em uma outra ocasião, Haein ficaria feliz em comentar os poucos detalhes que as primeiras aulas lhe proporcionaram até o momento. Compartilharia também como fora suas primeiras experiências com as matérias e a simpatização com os professores mais rígidos, mas de cara percebeu que Inho não queria prolongar o assunto, então não disse mais nada, o quê significava que talvez ficaria para uma outra hora. Foi ao ouvir a risada cortando o ar que rapidamente acordou, funcionando como uma espécie de estalo para os seus ouvidos e fazendo com que ela voltasse a realidade. A mão que antes se encontrava próxima do rapaz, recolheu-se de volta quase de imediato para o colo, entendendo perfeitamente o quê aquilo significava. Pensou na hipótese de ter exagerado ao tentar algo diferente ‘’do comum’’, ou do que eles estavam acostumados por ora, mas ao mesmo tempo sentia-se triste por manter esse tal pensamento. Eles não eram muito mais que isso? Então qual a necessidade de criar barreiras? Definitivamente, era algo que Haein se perguntava há anos, e muito menos compreenderia agora. 

Engoliu em seco, pouco surpresa com a mudança de humor repentina do rapaz, mas que ainda não deixava de ser desagradável. Não conseguiu captar nas entrelinhas muito bem o quê ele queria dizer, já que voltara a ficar desconcertada mais uma vez. Tudo bem, ela não era tola em acreditar que lá fosse um lugar totalmente seguro e longe de pessoas com más intenções e ideias erradas. Não, ela sabia que em um ambiente como aquele, era muito mais fácil encontrar assim do que o inverso. Mas isso não significava a incapacidade de lidar com elas, ou até mesmo de generalizar e não enxergar as coisas boas. Ainda assim, a situação só ficou realmente delicada no momento em que as palavras de Inho soaram como um banho gelado para Oh. Respirou fundo, tentando manter a calma ao sentir o olhar penetrante, dando o impacto de uma rocha chocando contra a parede, e por isso não conseguiu corresponde-lo por mais que alguns segundos.’’Eu já te disse os meus motivos.’’ Por mais que acreditava que iria falhar, sua voz desdobrou-se com plena convicção e tranquilidade, tudo porque seu olhar estava direcionado à mesa e não a ele. ‘’Bom, acho melhor eu pegar um café pra gente.’’ Levantou-se sem esperar qualquer tipo de resposta e seguiu direto ao balcão. Aquele intervalo de tempo seria uma oportunidade para pensar melhor e quem sabe até se acalmar, ou melhor, para Inho se acalmar e mudar de assunto. Respirou fundo mais uma vez, a testa enrugada enquanto pensava no quanto parecia estar voltando, mais uma vez, à estaca zero.

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Sua reação imediata, foi revirar os olhos. Sim, ela dissera todos os motivos pelos quais estava ali, mas nenhum conseguira convencer Inho. Poderia soar um tanto narcisista da sua parte, mas sabia que ela estava ali por sua causa. Talvez, se ela falasse a verdade, não se sentiria tão irritado com toda aquela situação. O motivo de sua irritação não era Haein e gostaria que ela soubesse disso, mas enquanto conseguisse sustentar sua farsa, a sustentaria.

Ao vê-la se levantar, um amontoado de pensamentos começou a invadir sua mente e sem seu coração, emoções de todas as origens e gêneros se fizeram presentes. Dentre tantos, duas sensações se sobressaíram. A primeira, de arrependimento. Arrependimento por ter conseguido o que tanto queria, mas que agora não conseguia enxergar sentido algum por trás. Queria ela ao seu lado mais do que um dia quisera qualquer coisa, mas seu consciente pedia que a deixasse livre. E em seguida, vinha a outra parte: o abandono. Mesmo que ela só tivesse se levantado para buscar um café, isso foi mais do que suficiente para atingir Inho em cheio. Assisti-la dar as costas fez com que ele imaginasse o dia em que ela faria aquilo definitivamente; que ela desistiria dele e iria embora. Tal pensamento machucava, o tornava ainda mais vazio por dentro e trazia a sensação de fraqueza. Sabia que não suportaria caso aquilo acontecesse algum dia. Era isso. Com um gesto comum, Haein conseguira derrubar todos os muros que cercavam Inho.

Já virara as costas para ela tantas vezes e agora conseguira tem ao menos noção do quão ruim aquela atitude era. Sentir na pele era bem diferente; nunca havia experimentado nada do tipo. Oh Haein era muito forte. O moreno sorriu e agradeceu por conhecer uma garota tão única como ela. E mais uma vez sentiu-se pesado, como se algo o sufocasse. E entendeu que era a sensação de culpa. Não saberia como as coisas seriam dali em diante, mas fez uma escolha: aquela seria a última vez que a deixaria. Levantou-se e saiu do estabelecimento o mais rápido possível, tentando evitar que ela o visse.

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