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"A Ilha Das Quatro Estações"

Sɪɴᴏᴘsᴇ Oғɪᴄɪᴀʟ: Onde todos os sonhos são possíveis. Este é o livro com que todos os jovens se conseguem identificar, uma história atual e relevante sobre os receios, as paixões, as fragilidades e a força de quatro jovens à procura de um novo rumo. Cat sentia-se sem rumo e não queria ver ninguém. Tiago só desejava poder voltar a viver como antes. Misha isolara-se do mundo à sua volta. Rute precisava de vencer uma batalha muito dolorosa. Os seus caminhos cruzam-se na ilha e, juntos, preparam-se para enfrentar os seus demónios pessoais. Mas há quem tenha outros planos para eles… Será que a tua vida pode mudar quando tudo parece correr mal?
Aᴜᴛᴏʀᴀ: Marta Coelho.
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ALERTA SPOILERS!
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O Mᴇᴜ Rᴇsᴜᴍᴏ: A Ilha das Quatro Estações é um lugar diferente. Conhecida por ser um retiro terapêutico para os filhos problemáticos dos abastados, a Ilha abre agora as portas para que todos os jovens possam beneficiar das suas soluções únicas para as consequências de eventos traumáticos, por uma pequena fortuna. A Catarina está quebrada, esconde nos seus olhos de gata a dor de perder quem a fazia mais feliz no mundo. O Santiago sofre, é assombrado por pesadelos e um sentimento de culpa profundo que não sabe de onde vem. É assim que os dois protagonistas acabam na Ilha, e se conhecem na orientação, acabando por "assaltar" a despensa juntos e criar de imediato uma dinâmica especial onde se sentem estranhamente confortáveis em ser vulneráveis um com o outro e se fazem rir com uma facilidade inesperada para a situação. A Ilha está dividida em quatro partes, cada uma correspondente a uma estação, e no primeiro dos quatro meses que os esperam, Santiago e Catarina são mandados para a Primavera e escolhidos como parceiros de trabalho um do outro e de Misha, um rapaz ainda mais misterioso do que eles. Misha não reage, não fala, nem se parece mexer, mas com os esforços conjuntos de Santi e Cat, começa a sair da concha e a comunicar, especialmente quando Rute, com a sua imensa sensibilidade, franqueza e positividade, se insere no grupo no Verão. Enquanto estão na Primavera, os membros do trio começam a abrir-se e a dar luta à dor que os prende, forjando a sua amizade pelo caminho e alguns sentimentos cor de rosa. Já no Verão, um acidente obriga-os a tirar o foco dos seus problemas e a valorizar as amizades que construíram e, para um certo duo, a olhar de frente para os sentimentos que florescem, além de testar a força das suas relações com a introdução de Rute, que acaba por encaixar no grupo como se sempre tivesse pertencido ao puzzle. É nessa altura que, por defesa à nova aquisição do grupo, os quatro se unem permanentemente e formam um pacto silencioso de se protegerem sempre, acabando o seu tempo nessa parte da Ilha o mais felizes que já estiveram. No Outono, as coisas começam a mudar: parece haver algo mais a acontecer na retaguarda e Lili muda o seu comportamento, como se quisesse esconder algo, mas mesmo depois de o grupo desvendar o problema da rapariga, as coisas continuam a não bater certo, o que se confirma quando Santi e Cat começam a receber bilhetes anónimos. No Inverno, todas as pequenas fissuras que a estadia no Outono criou são amplificadas, e levam a uma destruição aparentemente irreparável: Santi não consegue voltar a aproximar-se de Cat, o grupo divide-se, corações quebram, as mensagens anónimas aumentam e a Ilha....revela não ser o que parece. Tudo o que resta ao grupo fazer na altura de voltar a casa é apanhar os estilhaços da sua estadia na Ilha e tentar encaixá-los, com a esperança que o resultado faça sentido.
Cʀɪᴛᴇ́ʀɪᴏs ᴅᴇ Cʟᴀssɪғɪᴄᴀᴄ̧ᴀ̃ᴏ:
Qᴜᴀʟɪᴅᴀᴅᴇ ᴅᴀ Pʀᴏsᴀ: A prosa da Marta Coelho é muito bonita, muito poética e cheia de sensações, a única crítica que lhe consigo apontar é o facto de, por vezes, com o objetivo que o leitor perceba a profundidade das emoções dos protagonistas, se tornar um pouco repetitiva e redundante. Para quem é apreciador e está habituado a um estilo de escrita mais descritivo, como eu, a dramatização e extensão de certos momentos não incomoda muito, mas para quem tiver a tendência de fugir de obras que se alongam, este não é o livro certo.
Hɪsᴛᴏ́ʀɪᴀ: Só em termos de conceito, uma ilha com um funcionamento particular que não entra no género da fantasia, já é um fator atrativo para mim. Relativamente à história em si, foi super interessante, apesar de eu ter desejado que tivesse entrado um pouco mais nos detalhes de como a Ilha opera, mas isso é parte do mistério. Além do livro se focar nas batalhas interiores e únicas de cada um dos quatro jovens (estão todos a passar por algo diferente então qualquer pessoa consegue arranjar um personagem com quem se identifica) e na progressão que estes fazem, o que mostra que não é impossível melhorar mesmo quando tudo parece perdido, há um lado de suspense na história que eu não esperava de todo. É uma montanha-russa que não nos deixa descansar, quando parece que as coisas assentaram, reparamos que não, claro que não, ainda faltam 200 páginas. Sempre que há uma reviravolta, o leitor questiona o que já tinha adquirido como facto e mesmo no fim, não são dados grandes esclarecimentos, então nunca fica aborrecido. Se eu fizesse este post a meio do livro, diria que a obra dá a mão ao leitor e lhe oferece coragem e um bom abraço, mas por o elemento de incerteza ser inserido para o final e virar tudo do avesso, além de destruir a evolução de alguns personagens, essa já não me parece a descrição que melhor se aplica.
Pᴇʀsᴏɴᴀɢᴇɴs: Os personagens são o ponto forte da "Ilha das Quatro Estações", a história é 100% movida por eles, em vez de por ação (talvez um pouco para o fim). Há algo muito interessante a acontecer neste livro relativamente às personagens: Para Catarina e Rute, terem-se entregado completamente às relações onde estavam foi o que as fez sofrer e as colocou no fundo do poço, enquanto a vulnerabilidade nas novas relações que construíram foi o que as retirou de lá (e voltou a colocar, para uma delas). Para Santiago, foi a sua espontaneidade que o levou à situação que lhe retirou a memória e atribuiu culpa, sendo essa mesma espontaneidade o que lhe permitiu encontrar pessoas que o fazem sentir mais leve e aproveitar o presente. Já Misha, foi traído pelas suas grandes aspirações, que se transformaram em pó por serem tão rapidamente realizadas, é através de novos sonhos, e o trabalho por trás deles, que consegue reconquistar alguma felicidade. Estão a perceber onde quero chegar? A autora, propositadamente ou não, torna os calcanhares de Aquiles dos protagonistas nas características que os tornam fortes, mostrando que nada é inerentemente negativo ou positivo, tudo é neutro, e depende de como e com quem é usado. Acho que essa é uma lição importantíssima que o quarteto principal ensina, e fá-lo de forma subtil, o que significa que pode passar ao lado dos que estiverem menos atentos (o meu tipo de lições favoritas nos livros, ninguém gosta de ter as coisas atiradas à cara). Além disso, as jornadas de cada um estão feitas de forma exímia, ninguém melhora de um dia para o outro, é um processo lento, pausado, requer muito esforço e apoio, e é focado no sentido de ter cada vez menos dias maus, em vez de o objetivo ser atingir a felicidade absoluta logo. Uma outra coisa que eu adoro nestes amigos, é a inteligência emocional de cada um (na maior parte dos momentos, têm cérebros ainda a desenvolver), eles dão o seu melhor para comunicar, fazem-no de forma eficiente, não têm a tendência para dramas supérfluos e amuos e, acima de tudo, dão o seu melhor para pensar na forma como o outro se sente. Precisamos, com urgência, de mais protagonistas na faixa etária destes (17-18 anos) com este nível de maturidade, porque, honestamente, os que andam por aí não têm metade destas qualidades e são esses que andam a servir de exemplo a quem os lê. Fora os protagonistas (e Rute e Misha, eles contam apesar de não terem exatamente uma voz narrativa), todos os outros intervenientes na história têm os seus próprios problemas, batalhas, evoluções e, principalmente, segredos, e não são arrumados para o lado como acessórios, o quarteto tira realmente o tempo para os conhecer e dá para ver que nos momentos em que eles aparecem no livro, há um objetivo maior do que simplesmente fazer os protagonistas brilhar. Aprecio sempre os autores que procuram fazer isso. Uma última coisa a mencionar (eu disse que os personagens eram o foco do livro), adoro quando um autor tem a coragem de magoar os seus protagonistas, o crescimento de um certo alguém, que eu não vou revelar quem, não é sempre a subir, pelo contrário, há um declínio agressivo no fim do livro que coloca a personagem num buraco muito fundo e lhe retira o chão. Tenho de valorizar isso porque dá um sentido de realismo e quase acrescenta pele, sangue e vida à personagem, torna-a humana ao revelar que não há um final feliz guardado num cofre especial na última página, que a espera simplesmente porque é a sua história. Ela recebe tanto, ou menos, como os outros, independentemente de narrar acontecimentos e partilhar os seus segredos.
Rᴏᴍᴀɴᴄᴇ: A relação do Santiago e da Catarina é adorável, cheia de piadas privadas, referências a fruta, flores e gatos que fazem o leitor rir, e momentos que provocam gritinhos demasiado agudos para quem tem vizinhos porque vá-se lá entender, a Marta Coelho decidiu fazer o Santi mais perfeito do que devia. Para além do que está à superfície, estes dois têm fundações sólidas na sua relação: há sempre apoio, abertura, vulnerabilidade, não existem segredos, só surpresas, e o afeto e a comunicação estão sempre presentes. Até haverem interferências, é uma das relações mais saudáveis que já vi num livro, mais uma questão que me faz pensar "Porque raio é que isto não é um bestseller em vez dos livros com homens que gostam de fazer sons de lobo?". Mas pronto, o único defeito, se é que lhe posso chamar defeito em vez de aspeto a trabalhar, que este par tem é o facto de, por estarem em posições tão doridas quando se conheceram, terem alicerçado tanto da sua cura um no outro, o que leva a alguma dependência da presença do outro. A relação deles é a principal mas também há mais dois pares que hesitam em molhar o pezinho na água do romance, apesar de qualquer parvo perceber que há sentimentos. Relativamente ao primeiro, agora não digo nomes, é curioso ver que os sentimentos do rapaz são algo que o motiva a ser melhor, e não uma força ditadora, ele entende que a rapariga não está num lugar onde se vê numa relação romântica e está disposto a apoiá-la ao máximo até ela estar pronta, ou mesmo para sempre, ele consegue respeitar se ela nunca quiser estar com ele. Com Lili e um certo cozinheiro, há uma camada de maior maturidade e dor entre eles, e durante o livro caminham para encontrar terreno firme para reconstruir a confiança e a paz, deixando a porta com uma pequena fresta aberta para o futuro. Em suma, este livro apresenta diferentes relações românticas, todas com muito a dizer sobre si e atrativas ao leitor.
Iᴍᴇʀsᴀ̃ᴏ: O livro é longo, longooooooooooooo, mas, tirando o facto de certos parágrafos se alongarem como já mencionei, há sempre algo a prender o leitor, uma relação, uma revelação, um mistério.... É difícil abandonar as páginas.
Iᴍᴘᴀᴄᴛᴏ: Outro livro que já li antes, até sei que foi lido pela primeira vez há cinco anos atrás, e nunca me esqueci dele. Foi tão bom lê-lo como pela primeira vez, até melhor por ter uma compreensão maior agora, e mesmo sabendo o que vinha aí, as minhas reações foram instintivas e a emoção não deixou de vir. É algo que devia estar na estante de qualquer pessoa a crescer, sem dúvida.
Cʟᴀssɪғɪᴄᴀᴄ̧ᴀ̃ᴏ Fɪɴᴀʟ: ⭐⭐⭐⭐+ ½
Iᴅᴀᴅᴇ Aᴄᴏɴsᴇʟʜᴀᴅᴀ: Pelo menos 15 anos, acho que não faz mesmo sentido ler algo só porque tecnicamente se pode, para realmente apreciar um livro e utilizar o tempo em vez de o gastar, o ideal é haver um certo entendimento e, além das menções de dores e situações profundas, o livro também aborda temas como o abuso, de forma rápida mas marcante (e real, não há aqui romantizações e "ele estar traumatizado justifica eu ser tratada como lixo", vamos parar de confundir falar de um tópico e falar dele bem).
Cᴏɴᴄʟᴜsᴀ̃ᴏ/Oᴘɪɴɪᴀ̃ᴏ Fɪɴᴀʟ: É uma obra que me diz muito e acho que vale realmente a pena pegar nela, o facto de ter uma autora portuguesa não alude a favoritismos já agora, só tenho uns dois livros portugueses na minha estante porque acredito que os lugares devem ser merecidos, e até agora os autores portugueses ainda não vingaram, então o facto da Marta Coelho ter ultrapassado a minha resistência a mais experiências nacionais é uma grande conquista. Assim, sem mais demoras, RECOMENDO (embora o meu coração parta com o facto de pelos vistos não haver uma sequela planeada para responder às minhas dúvidas).
Pᴀʀᴀ ᴏʙᴛᴇʀ: A Ilha das Quatro Estações, Marta Coelho - Livro - Bertrand
Assɪɴᴀᴅᴏ: Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ 𝐿𝓊𝓏 Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ
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